(Arco web, Fabio de Paula) 24/05/2011
Reconhecidos nos Estados Unidos por realizarem projetos de retrofit e de recuperação de edifícios desocupados, os arquitetos do estúdio Poteet Architects são os autores desta casa de hóspedes executada dentro de um contêiner de carga.
Com sua cor original preservada, o módulo ganhou portas de correr, janelas, um sistema de calefação e ar condicionado, além de instalações hidráulicas e elétricas, e de uma cobertura saliente que cria um terraço frontal e um pátio traseiro dedicado à jardinagem.
A cliente é uma artista plástica que escolheu essa solução porque os contêineres são um recurso barato e fácil de encontrar nos portos norte-americanos, já que as transportadoras marítimas preferem abandoná-los em seus destinos do que recolhê-los vazios.
Ela mora em um terreno de grandes proporções localizado em bairro industrial da cidade de San Antonio, no Texas, EUA, e solicitou que a pequena habitação contasse com grandes aberturas para o jardim e soluções que reduzissem o impacto ambiental da obra e do uso pós-ocupação.
O contêiner, então, foi alocado à margem da via que corta o lote e leva à residência principal, a fim de garantir privacidade a seus usuários e proximidade com os principais canteiros do jardim.
Para o interior da habitação, os arquitetos optaram por uma planta onde o banheiro central separa o depósito da sala/dormitório. A solução atende ao programa estipulado pela artista plástica, que inicialmente não queria que o local contasse com cozinha, a fim de garantir o espírito comunitário da propriedade.
A simplicidade da planta, porém, contrapõe-se à engenhosidade das soluções construtivas. Um exemplo é o teto verde, que se expande para frente e para trás do contêiner. A área útil conquistada na parte traseira é ideal para as atividades de jardinagem, enquanto a sombra gerada no terraço frontal amplia seu uso durante o dia.
Sobre essa cobertura, uma estrutura de aço preenchida com garrafas recicladas forma uma espécie de almofada, cuja função se divide entre suporte para plantas e base para os equipamentos de entrada do ar condicionado tipo split.
Esse mesmo teto, no interior do contêiner, é isolado através de espuma em aerosol forrada com bambú, mesma madeira usada na vedação das paredes de drywall e do piso. Entre o contêiner e o solo, foram usados antigos postes de rua, adaptados como base com função isolante.
A água residual dos lavatórios e da ducha do banheiro, por sua vez, é coletada e reutilizada na irrigação das plantas do teto. Já as luminárias externas do terraço e do espaço de jardinagem foram feitas a partir de discos de arado retiradas de um trator, veículo comum nas zonas rurais do Texas.
“Ela realiza jantares no terraço e passou a ocupar seu interior como casa de veraneio, ateliê de arte, salão de jogos, ou seja, transformou o contêiner em um anexo da casa principal”, revela Jim Poteet, arquiteto responsável pelo projeto.