Crescimento na crise e futuro em condições seguras


Mercado de construção civil prevê fechamento de 2009 com crescimento de 3% e criação de condições de produção mais sólidas para 2010

Analistas de mercado e o próprio governo federal já admitiram que o Produto Interno Bruto (PIB) do país pode não crescer este ano ou até apresentar crescimento negativo, revelando uma desaceleração da economia bastante significativa. Mesmo com esse cenário, o mercado imobiliário vislumbra crescimento para o ano de 2009. Levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR) mostra que o desempenho do setor no Brasil deve ser pelo menos 3% melhor em 2009 na comparação com o ano passado. “Para o Paraná o crescimento será maior, porque historicamente apresentamos índices melhores”, comenta o consultor econômico da entidade, Marcos Kahtalian.

Ele admite, no entanto, que os empresários do setor não ignoram a crise. “É claro que a crise existe e sem ela seria possível crescer mais”, explica.

Entre os fatores que permitem a análise positiva está o anúncio do incentivo do governo à construção, com a redução de impostos, criação de novas e atraentes linhas de crédito e concessão de subsídio para que famílias de baixa renda tenham acesso à casa própria.

Esse cenário, aliado ao fato de a construção civil não depender da disponibilidade de crédito externo, permitem aos empresários do setor prever novos investimentos em lançamentos. “Temos certeza que haverá crescimento, porque estamos vendo esse processo já no primeiro trimestre”, diz Gustavo Selig, presidente da Associação dos Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR). Ele afirma que as vendas apresentam aumento de 12% na comparação com 2008 e prevê que esse desempenho deve se manter pelos próximos meses.

Para Sinduscon e Ademi, os propulsores do crescimento são a demanda latente e a disponibilidade de crédito para o mercado imobiliário e da construção civil. “Poucas empresas trabalham com capital externo, o que garante que, caso a crise piore no exterior, há condições de tocar as obras. Além disso, as incorporadoras que atuam no Paraná são sólidas e têm o apoio dos bancos”, diz Selig.

Os órgãos divulgam que são necessárias 225 mil unidades residenciais para suprir o déficit habitacional do Paraná. “Com o programa do governo e as mudanças na legislação, teremos aumento de venda também para a classe média”, diz Selig referindo-se às mudanças nas regras para o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na compra de imóveis. Antes era possível utilizar o Fundo para comprar imóveis de até R$ 350 mil. Esse valor passou para R$ 500 mil.

Outro aspecto que favorece o mercado imobiliário é a migração de investidores. “Muitos estão deixando a Bolsa de Valores para comprar imóvel, que é um investimento seguro e, no médio e longo prazo, com boa rentabilidade”, analisa o economista e professor do Centro Universitário FAE, Carlos Ilton Cleto.

Crescimento e ajustes

Para 2010 o presidente da Ademi-PR vislumbra continuidade do crescimento. “O PIB do país deve crescer e com isso a confiança também, favorecendo o mercado.”

Jorge Kuser, consultor da Go4! Consultoria, explica que a construção civil tem perfil de projetos com tempo maior de maturação. “Os próximos dois anos ainda terão reflexos positivos, porque os projetos demoram 15 ou 20 meses para serem concluídos.”

O professor Carlos Ilton Cleto é cauteloso quanto as expectativas futuras. Ele acredita que a explosão das novas linhas de crédito será em 2009. “Sempre que há crescimento, ele é seguido de acomodação e manutenção. Em 2010 é provável que o mercado apresente um cenário mais realista.”

Para Kahtalian este ano será de ajustes para as incorporadoras e construtoras paranaenses. “Em 2008 nós discutíamos os problemas do crescimento exagerado. Agora temos a oportunidade de organizar o setor para ter condições de crescer com segurança pelos próximos anos.”

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