O cartão de visitas dos prédios


(Gazeta do Povo) – 16/08/09

A velha máxima de que “a primeira impressão é a que fica” pode ser empregada no caso dos halls dos edifícios. Esses espaços dão uma noção da personalidade dos apartamentos e conjuntos comerciais de um empreendimento

Apesar de serem ambientes de passagem, e não de permanência, os halls têm importância no planejamento e decoração de um edifício, porque é a partir desse espaço que se tem noção dos apartamentos ou conjuntos comerciais.

Além disso, explica Mariane Caponi, diretora de Marketing do grupo LN, para quem está vendendo o imóvel, o hall comprova a funcionalidade do empreendimento. Uma das preocupações do grupo é entregar o espaço decorado, para que os condôminos não tenham a preocupação extra de se reunirem para planejar a decoração dessa área comum.

Manuel Baggio Pereira, da Baggio Pereira & Schiavon Arquitetura, responsável pela arquitetura de interiores dos empreendimentos da Construtora San Remo, como o Maison Classique e o Grand Palais, diz que 90% dos moradores sobem em seus apartamentos pela garagem. “A nossa idéia é modificar o subsolo da garagem, criando um hall para o morador, porque muitas vezes ele pode chegar com um amigo”, conta.

A mesma tendência foi sentida pelo Grupo Thá, que começa a valorizar a garagem de acesso aos moradores com um hall, aponta Valdecir Scharnoski, gerente de Produto do Grupo Thá. Dois empreendimentos da empresa já contam com essa proposta: o Hampton Village e o Palácio Real, que inclusive possui uma escada redonda que liga o hall da garagem ao edifício.

Pereira ressalta que esse espaço “definitivamente deve seguir a linha, a personalidade do edifício. É como no caso de uma loja, se a vitrine é feia, não atrai ninguém para dentro da loja”, diz.

Um dos projetos de Pereira é o hall do edifício Maison Classique, empreendimento com apartamentos de até 725 metros quadrados (área total). O que mais chama a atenção são o mezanino que liga o hall à área de lazer, o pé-direito duplo – que segue as colunas altas da parte externa – e o lustre clássico e imponente.

Outro empreendimento é o Grand Palais. A principal característica é o grande átrio com os apartamentos voltados para o vão central. Segundo Pereira, isso foi possível por se tratar de um prédio baixo, com seis pavimentos. O pé-direito tem aproximadamente 18 metros. O paisagismo é bem elaborado e o átrio ainda tem iluminação natural – além da artificial. O estilo é neoclássico, com o predomínio de cores mais claras.

Michelle Beber, gerente de projetos da Invespark, acredita que o hall já dá a idéia do apartamento. “Se o edifício é mais voltado para o pú­­blico single, o hall pode seguir o estilo mais moderno. Se for mais conservador, segue essa linha”, diz. Ela co­­menta que no caso dos edifícios re­­sidenciais, o hall deve ser mais intimista e com uma área de estar para as pessoas se relacionarem.

Há ainda os empreendimentos que contam com várias torres, como no caso do Breeze Ecoville, da Thá, que possui quatro. Scharnoski explica que cada torre tem um hall e o edifício possui uma portaria central. Cada hall foi decorado com pequenas diferenças em relação ao outro para caracterizar cada torre.

Scharnoski diz que o uso do pé-direito duplo e às vezes triplo nos halls de edifícios de alto padrão ocorre porque “o apartamento do primeiro andar não fica no primeiro, mas no segundo, o que é um diferencial para a venda.”

Contramão

Os empreendimentos comerciais também devem destinar a atenção para o hall. Michelle, da Invespark, lembra que é um cartão de visitas da pessoa e da empresa que representa. A Invespark apresenta o hall decorado, junto com o estande de vendas do edifício Workspace Emiliano. O objetivo da Invespark ao decorar o hall foi fazer com que as pessoas conheçam como o empreendimento ficará depois de concluído. Jayme Bernardo foi o arquiteto que decorou o hall.

Michelle diz que a entrada do Workspace é sofisticado e inspirado no art déco. Ela considera que um hall comercial deve ter alguns itens, como um diretório para identificação, controle de acesso e área de estar para quem espera.

Workspace Emiliano, da Invespark: sofisticação e inspiração art déco (Andréa Paccini/Divulgação)
Workspace Emiliano, da Invespark: sofisticação e inspiração art déco (Andréa Paccini/Divulgação)

No caso desse espaço, a transparência é a peça-chave, com o uso do vidro como uma grande vitrine do prédio para a rua e do vidro colorido, para aquecer o lobby. Além disso, o arquiteto criou uma luminária especialmente para o local, com estilo que remete ao déco e feita com inox polido e chapas da pedra semipreciosa ônix Giallo Laura. O piso é em mármore nacional em tons de bege, branco e rosa. A altura do pé-direito é valorizada pelas colunas revestidas em madeira wengué. A madeira – de reflorestamento – dá vida a algumas peças do mobiliário. Pelo hall, se tem acesso ao plantão de vendas que fica localizado dentro da sala multifuncional do empreendimento.

Os profissionais concordam que o hall tem a importância de ser a primeira impressão ou cartão de visitas e, portanto, requer atenção na hora da decoração. “Não adianta superdecorar o hall, porque em pouco tempo pode se deteriorar”, alerta Manuel Baggio Pereira, da Baggio Pereira & Schiavon Arquitetura. Ele sugere móveis com qualidade e compatíveis com o tamanho do ambiente. Se o espaço conta com iluminação natural, os moradores podem lançar mão de plantas, mas de fácil manutenção, já que dão “vida” ao ambiente.

A iluminação deve ser equilibrada. “No caso de residencial, mais agradável e aconchegante. Já para empreendimentos comerciais, iluminação mais cênica, que valorize o espaço”, aponta. Quanto aos revestimentos, sugere Pereira, devem ser duráveis, mas não precisam necessariamente ser em pedra – pode ser uma cerâmica. Porém, o carpete deve sempre evitado.

Mariane Caponi, diretora de Marketing do grupo LN, diz que se deve privilegiar pisos de alto tráfego, com limpeza fácil e que sejam antiderrapantes. Ela aconselha que se escolha elementos de boa qualidade. “Se não tiver verba, um “tapete” de granito, uma arandela com iluminação indireta ou ainda a pintura de uma das paredes com outra cor podem fazer a diferença”, diz. Outra dica é o uso de poltronas individuais, para que os visitantes possam esperar o morador, já que não são todos que se sentem confortáveis em um sofá dividido com outras pessoas.

Scharnoski, do Grupo Thá, ressalta que a decoração e os materiais devem ser atemporais para não “datarem” a decoração ou para não cairem em modismo. Pé-direito duplo, revestimento em madeira e pisos perenes, como granito, são algumas das indicações de Scharnorski.

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