(Gazeta do Povo) – 26/06/11
Projeto finalizado na última semana custará R$ 5 milhões; 80% da verba virá do PAC das Cidades Históricas e obras devem começar em 2012

O público apreciador dos “cinema de rua” e que estava órfão desde o fechamento das salas Luz e Ritz, que foram desativadas, respectivamente, em 2009 e 2005, poderá ver os cinemas ativos novamente. Um projeto finalizado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) na última semana, que será encaminhado imediatamente ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (Iphan), vai reabrir as salas em um imóvel do antigo Quartel do Exército de Curitiba, na Rua Riachuelo, esquina com a Presidente Carlos Cavalcanti.
A previsão, segundo o arquiteto e coordenador do programa Novo Centro do Ippuc, Mauro Magnabosco, é de que as obras iniciem no ano que vem (tempo para o repasse de recursos e licitação) e que o local seja mais um ponto importante na revitalização do Centro e da Rua Riachuelo. Quando pronto, o local vai criar mais 240 lugares nos cinemas da cidade, já que terá duas salas com 120 lugares em cada uma.
As obras para a reforma do imóvel, com área de 2.639 m², devem ter um custo final de R$ 5 milhões e serão enquadradas dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, que também deve custear outros projetos do Ippuc, que englobam a Riachuelo e seu entorno (veja quadro). Segundo Magnabosco, o Iphan já “sinalizou” que o projeto de revitalização do imóvel e instalação dos cinemas será observado com prioridade. Com o governo federal, pretende-se levantar 80% do valor da reforma.
O restante do dinheiro deve vir da venda do antigo imóvel do Cine Luz, na Rua XV de Novembro, solução proposta pela prefeitura por meio de um projeto que foi autorizado na semana passada pela Comissão de Urbanismo da Câmara. Segundo o presidente da comissão, vereador Jonny Stica (PT), o imóvel, que fica na altura da Praça Santos Andrade, vale cerca de R$ 1 milhão. O dinheiro, de acordo com o vereador, deve ir para o Fundo Municipal de Ampliação e Conservação do Patrimônio Público (Fapp), e ser repassado diretamente para a obra. O coordenador do projeto Novo Centro, Mauro Magnabosco, afirma que, se a verba não for direcionada, o espaço pode virar “manilha”. “Se cair no caixa da prefeitura, corre o risco do dinheiro ser usado em outra área, e não para os cinemas.”
Espaço
Além de duas salas de cinema, o local revitalizado, que começou a ser projetado pelo Ippuc em 2009, será espaço para abrigar cursos livres e oficinas hoje realizadas pela Cinemateca. Uma sala de projeções de filmes em Super-8 e 16mm também está prevista, além de laboratório de edição de imagem e de som. “A ideia é pegar o que está acontecendo na Cinemateca com menos espaço e trazer para cá, liberando o espaço de lá para acervo e mostras direcionadas para estudantes e profissionais de cinema.” Um café, biblioteca e um terraço para projeções ao ar livre também compõem o projeto.
Magnabosco acredita que, a partir do momento em que o recurso estiver licitado e disponível, as obras devem durar cerca de um ano e meio, mas não é possível informar um prazo para o término ou a inauguração dos cinemas.
Revitalizações
Além dos cinemas, outras obras de recuperação do Centro estão previstas dentro do PAC das Cidades Históricas
Rua São Francisco: De acordo com o arquiteto e coordenador do programa Novo Centro do Ippuc, Mauro Magnabosco, o projeto de revitalização da Rua São Francisco, também localizada no entorno da Rua Riachuelo, está pronto e aguarda a liberação das obras, o que ajudará a criar um novo eixo na região. A área, apesar de abrigar bons estabelecimentos, tem problemas com usuários de drogas e furtos. A ideia, segundo ele, é que a rua siga a mesma vocação: a de abrigar bares e restaurantes, e que seja voltada principalmente para a gastronomia. O projeto, que também tem parceria com uma empresa de tintas, prevê que os comerciantes sigam os mesmos padrões de cor nas fachadas. A rua ganhará o mesmo piso que foi colocado na revitalização da Riachuelo, e deve proibir o estacionamento de carros no local.

Bondinho: Engloba o projeto do Novo Centro a reativação de um serviço de bonde pela Rua XV de Novembro. A rota, que teria como terminal a Praça Eufrásio Correia, percorreria 3,4 quilômetros e passaria por locais como o Paço Municipal, a Praça Santos Andrade e a Praça 19 de Dezembro, além da Rua XV.
Conjunto: O pacote de reformas financiados pelo PAC das Cidades Históricas, prevê projetos para a revitalização da Catedral e das ruas Saldanha Marinho e Barão do Serro Azul.