(Estadão) – 23/06/15
A expectativa de expansão do mercado de crédito imobiliário do Banco Central para este ano, se confirmada, revelará o maior desaquecimento do setor desde 2003. Pela projeção atualizada nesta terça-feira, 23, pelo chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel, o crescimento será de 9% – a estimativa anterior era de 11%.
Em 2003, o mercado imobiliário havia registrado alta de 8,81% pela série histórica do BC. A revisão da projeção feita hoje pela autoridade monetária se dá em um contexto de arrefecimento econômico e de alta dos juros.
Por causa de revisões metodológicas, a autarquia prefere se ater a uma série mais recente. Maciel citou aos jornalistas durante entrevista coletiva as expansões verificadas desde 2008, ano da crise financeira internacional. Naquele ano, de acordo com o economista, o crédito avançou 30,7% e, no ano seguinte, até como um reflexo da turbulência global, desacelerou para 15,1%.
Em 2010, foi vista uma retomada, já que os financiamentos para imóveis aumentaram 20,6%. Desde então, mostrou desaceleração todos os anos: 18,8% em 2011; 16,4% em 2012; 14,5% em 2013 e 11,3% no ano passado.
Maciel salientou que a alta de 1% na margem do estoque de financiamento imobiliário para pessoas físicas ficou abaixo da média histórica. “O crescimento imobiliário mensal é pequeno para a modalidade, que geralmente tem altas mensais próximas a 2%”, comparou.
As concessões de crédito imobiliário com recursos direcionados para Pessoas Físicas despencaram 29% em maio em relação ao mês anterior. Maciel comentou, no entanto, que variações mensais são comuns no caso de concessões e que, por isso, o melhor, é utilizar o dado acumulado. Nos primeiros cinco meses do ano, há uma alta de 0,9% e, em 12 meses, de 4,5%. “Para extrair significado econômico da série, é preciso verificar um intervalo maior, por isso essa taxa de 0,9% mostra que ainda há um arrefecimento ano a ano”, explicou.
O chefe de Departamento salientou que as medidas tomadas pelo BC no final do mês passado “com certeza” favoreceram recursos de crédito imobiliário. Além disso, comentou que, apesar de as taxas de juros de mercado desse segmento serem mais altas que as reguladas, ainda são “muito menores” do que as das demais modalidades. A taxa média de mercado ficou em 14,2% no mês passado, enquanto a regulada, em 9,5%, o que levou a geral para 10,1%. “Ainda é atraente”, constatou.