(Valor Econômico) – 03/03/15
A entrada da Cetip no segmento de registro eletrônico de contratos imobiliários poderia aumentar o faturamento da companhia em R$ 120 milhões, equivalente a um crescimento de 10%. Os cálculos são dos analistas do BTG Pactual.
Uma circular publicada pelo Banco Central (BC) na sexta-feira determinou que os bancos enviem à autoridade monetária uma série de dados sobre contratos de financiamento imobiliário (valor desembolsado, número de quartos do imóvel, localização etc), a partir de fevereiro de 2016. São exigências parecidas com as que o BC já faz para o financiamento de veículos – e que os bancos contam com os serviços da Cetip para cumprir.
A conta feita pelo BTG Pactual é simples: no Brasil são feitos por ano 600 mil financiamentos de imóveis e a Cetip poderia ganhar R$ 200 em cada contrato registrado no BC, num total de R$ 120 milhões. Os analistas ponderam, no entanto, que não está claro qual seria a taxa cobrada por registro, qual a participação de mercado possível, a margem do produto, entre outros pontos.
Segundo eles, o registro imobiliário é uma das alternativas de negócios mais promissoras da Cetip. A solução é semelhante à que a empresa já tem para o financiamento de veículos – responsável por 15% das receitas. “No fim do dia, o mercado de crédito imobiliário está crescendo mais rápido do que o de financiamento de veículos”, dizem os analistas em relatório.
A grande questão era quando essa solução poderia ser implementada, uma vez que faltava a regulamentação. O BC, porém, publicou a circular 3.747 na sexta-feita, que regulamenta a resolução 4.088, de 2012, para detalhar as exigências referentes ao crédito imobiliário. A circular afirma que o registro obrigatório vai valer a partir de fevereiro de 2016.
“Em nossa opinião, o fato de a Cetip já ter um sistema em funcionamento para registrar empréstimos de veículo a coloca em uma posição excelente para ser a líder deste novo segmento (e potencialmente o único jogador, como no financiamento de veículos)”, avalia a equipe do BTG Pactual.
Procurada, a Cetip afirmou que está estudando o impacto da circular em seus negócios. Também disse que está em período de silêncio e não poderia detalhar o tema.
Além de registrar as operações no BC, a Cetip também pode atuar como ponte entre os bancos e os cartórios para facilitar a originação dos contratos. É claro que há uma sinergia em atuar nas duas etapas. Reportagem do Valor do mês passado mostrou que o projeto de automatização de cartórios e bancos para diminuir a burocracia na concessão de crédito habitacional avançou neste ano.