(Estado de S.Paulo) – 07/05/20
A crise do coronavírus parece ter feito apenas cócegas no mercado de edifícios corporativos da Avenida Brigadeiro Faria Lima – principal endereço de multinacionais, empresas de tecnologia e serviços financeiros em São Paulo. O aluguel médio pedido pelos donos dos prédios de fachadas espelhadas atingiu R$ 161,80 por metro quadrado em abril, o mais alto desde 2014. O valor se aproxima do pico de R$ 191,50, de 2012. No último mês, foram locados 12,7 mil metros quadrados na região, de acordo com a consultoria imobiliária Cushman & Wakefield.
O valor do aluguel deve continuar crescendo nos próximos meses, estima a consultoria. A principal explicação é a escassez de oferta. Apenas 9% da área total nessa região está vaga atualmente, patamar que cairá para 5% considerando os contratos de locação já fechados e com mudanças programadas para antes do fim do ano. No mercado como um todo, a vacância é de 16,8%.
Há apenas dois prédios novos no eixo da Faria Lima. Um deles é o Seculum II, entregue há poucos dias, com aluguel na faixa de R$ 180/m². O próximo a ser inaugurado no segundo semestre é o Birmann 32, considerado o imóvel mais tecnológico do País e com aluguel pedido em torno de R$ 200/m². Juntos, esses dois prédios aumentarão os valores médios praticados na avenida. Depois disso, não há mais oferta no curto prazo.
Os contratos de locação no setor são longos e variam de 5 a 15 anos. Uma rescisão implica em multa e custos altos com mudança, o que inibe a saída “por impulso” das locatárias. Segundo Jadson Mendes, coordenador de pesquisa e inteligência de mercado da Cushman, nenhuma empresa vai entregar o imóvel sem fazer os cálculos sobre número de funcionários em atividade e tendências mais claras sobre a economia. O que acontecido, porém, são os pedidos de descontos temporários no aluguel e postergação de pagamentos – o que não é computado pela pesquisa.