(Construção | Mercado) – 01/10/17
Localizado na Rua Pamplona 145, na região dos Jardins, em São Paulo, o terreno ocupado por um casarão da época dos barões do café que era, desde 1952, a sede do Instituto de Física Teórica (IFT), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), também passou a abrigar o empreendimento de uso misto Praça Pamplona, que, mesmo sendo moderno, conserva a essência histórica pela qual o local é marcado.
O novo complexo projetado pelo escritório Kruchin Arquitetura é considerado multiuso porque abrange uma torre comercial com salas de 32m² a 160m², um teatro digital, um centro de pesquisas, um centro cultural e social (no antigo casarão) e uma praça de convivência.
A Brookfield Incorporações, hoje Tegra Incorporadora, responsável pelo empreendimento, adquiriu o terreno de 6.550 m² em fevereiro de 2011. No negócio, parte do pagamento incluiu a conservação do casarão tombado nos anos 1980 por órgãos do patrimônio histórico e uma permuta que concede ao IFT parte das salas do prédio comercial. Além disso, o instituto ainda ficou responsável pela operação do casarão e do teatro digital.
A posição das edificações forma um eixo integrador, em que uma rua interna iniciada na Pamplona atravessa um lote e, ao encontrar a torre na extremidade oposta do terreno, no limite com a Rua Sílvia, transforma o térreo do edifício numa espécie de mirante público. Nas laterais desse trajeto, estão localizados os blocos destinados ao IFT: o teatro digital e o centro de pesquisa.
O edifício comercial, caracterizado por ser um bloco retangular, localizado na extremidade oposta ao acesso principal, tem a frente voltada para as praças de convivência, que, por sua vez, estão posicionadas em cotas e áreas distintas do lote, fazendo a junção dos prédios. Já o centro de pesquisa possui três pavimentos e está implantado na área central da gleba.
Embora todas as edificações sejam expressivas, o grande ícone visual do complexo é o teatro digital, formado por uma meia esfera aberta, que faz uma alusão às conchas que envolvem caracóis e mariscos. De acordo com o engenheiro e superintendente de Construção da Brookfield Incorporações, Fabio Barros, a cúpula principal é feita de concreto armado, e concêntrica a essa cúpula existe outra, feita de cobre platinado.
“O grande desafio de engenharia presente na obra do empreendimento Praça Pamplona foi justamente a construção dessas duas cúpulas, cujas fôrmas foram importadas da Europa. Na cúpula principal utilizamos concreto projetado com fibra, e a platina empregada na cúpula secundária também é exclusiva”, comenta Barros.

“Tivemos uma grande redução de prazo ao utilizar o piso elevado, tanto quanto a diminuição de materiais que deviam entrar nessa etapa, por exemplo, areia e cimento, utilizados normalmente para fazer um contrapiso ‘farofa’. A grande vantagem foi o aumento da produtividade na obra, e a escolha também se deu pensando no uso e na manutenção, pois o piso elevado permite, sem quebras, que pontos de eventuais infiltrações sejam acessados.”
Fabio Barros, engenheiro e superintendente de Construção da Brookfield Incorporações
Aumento na produtividade
O empreendimento Praça Pamplona, que estava em novembro do ano passado com 97% de suas etapas construtivas concluídas, utilizou técnicas e produtos que melhoraram o cronograma de entrega, bem como aumentaram a produtividade no canteiro de obras. Dentre eles, o que mais se destacou foi o uso do piso elevado na área comum e nas lajes que integram os quatro elementos do complexo.
Desde o início, a equipe de construção da Brookfield Incorporações estudou a possibilidade de utilização do mesmo material para o piso, nesse caso o granito, porém a solução escolhida para assentá-lo foi mudada radicalmente. Ao invés de empregar a argamassa farofa, que seria acoplada em uma camada de 10 cm, devido à laje que apresentava rebaixamento, optou-se pelo piso elevado, exatamente com a mesma pedra.
A argamassa farofa consiste em uma mistura seca de areia e cimento branco estrutural que é aplicada diretamente sobre a laje de concreto. A “farofa” é polvilhada com cimento branco estrutural puro e regada com água para, em seguida, receber as pedras.
Já a tecnologia empregada para a construção de pisos elevados em áreas externas permite a simplificação da manutenção de parte das vedações horizontais exteriores e de eventuais instalações dispostas em seu espaço de entrepiso; possibilita a captação das águas pluviais e as possíveis trocas de revestimentos podem ser realizadas de maneira mais rápida e limpa. Esses fatores diminuem expressivamente o custo geral de uma edificação.

“Tivemos uma grande redução de prazo ao utilizar o piso elevado, tanto quanto a diminuição de materiais que deviam entrar nessa etapa, por exemplo, areia e cimento, utilizados normalmente para fazer um contrapiso ‘farofa’. A grande vantagem foi o aumento da produtividade na obra, e a escolha também se deu pensando no uso e na manutenção, pois o piso elevado permite, sem quebras, que pontos de eventuais infiltrações sejam acessados”, explica Barros.
Ele diz que, com isso, foi possível ter maior segurança na qualidade do serviço final, pois não existiram patologias, uma vez que não houve a necessidade do contrapiso. Em relação aos resíduos sólidos da construção civil, a placa do piso elevado também é mais sustentável, pois é feita de polipropileno termoplástico, proveniente de matéria-prima reciclada (plástico descartado). Trata-se de um produto 100% reciclável e sua produção reduz consideravelmente a demanda por matéria-prima virgem, além de diminuir a emissão de resíduos na natureza e a poluição ambiental.
Sem a aplicação do piso elevado, o engenheiro estima que essa etapa da obra poderia ter tido um atraso significativo na entrega, de aproximadamente um mês. “Foi uma aplicação bem-sucedida da tecnologia. Teve-se uma economia bastante relevante, tanto de custo quanto de prazo, entre a solução escolhida e a outra opção que havia sido estudada”, pontua Barros.
Embora vantajoso, alguns cuidados pertinentes à logística foram tomados no momento da utilização do piso elevado. No caso do empreendimento Praça Pamplona, a empresa fornecedora de granito era uma e a empresa que aplicou o piso elevado era outra. Por isso, houve monitoramento constante da coordenação entre as duas companhias envolvidas e a obra, para que não ocorressem problemas nessa etapa.