(Brazil Journal – https://braziljournal.com/) – 06/06/19
Em um prédio de 243 micro apartamentos na Vila Olímpia, 350 jovens experimentam um novo jeito de morar.
Os apartamentos de 23m² a 44m² são decorados, mas nenhum tem sala de estar, de jantar, ou lavanderia: tudo é compartilhado na área comum do prédio, que conta ainda com lounges, academia, espaço de coworking, wifi, tv a cabo e porteiro 24 horas.
A convivência nas áreas comuns é tanta que de lá já saiu até uma empresa de audiovisual – fundada por dois moradores que se conheceram em evento de networking.
O Kasa 99 foi inaugurado pela Gamaro há menos de um ano e está com 90% dos apartamentos locados (a R$ 3.050 por mês). É um dos primeiros empreendimentos coliving no Brasil – um jeito de morar que cada vez mais atrai os millennials no mundo todo.
Moradias comunitárias não são exatamente uma novidade: que o digam os hippies e as repúblicas estudantis. Mas agora, o mercado imobiliário está transformando a coisa num produto.
A bem da verdade, ainda não está claro o quanto os co-livings refletem simplesmente a busca por um estilo de vida mais despojado e ‘cool’ – ou apenas a falta de recursos dos millennials, que os empurra para os imóveis compactos.
Nos EUA, com os preços dos imóveis nas alturas e os jovens adiando a formação de famílias, a Cushman & Wakefield (http://www.cushmanwakefield.com/en/research-and-insight/2019/coliving-report) estima que a oferta de unidades de co-living deve triplicar nos próximos dois ou três anos.
O próprio WeWork já capturou a tendência e adaptou seu modelo para o mercado residencial criando a WeLive, que já está em Nova York e Crystal City, na Virgínia, a cidade que vai receber o segundo HQ da Amazon. Seattle é o próximo destino.
Outra startup desbravando o nicho é a Ollie, mais upmarket e cujos serviços se parecem mais com uma hotelaria de longa permanência – o inquilino não precisa levar nem lençol ou xampu. A maioria dessas empresas só opera os empreendimentos.
Em São Paulo, esse tipo de prédio começou a aparecer com mais força há cerca de cinco anos, após mudanças no plano diretor que estimularam o adensamento de prédios em terrenos localizados próximos ao metrô e a corredores de ônibus – dispensando a garagem.
Na Vitacon, o CEO Alexandre Frankel viu aí uma oportunidade – e levou o conceito de adensamento ao extremo, com studios a partir de 10m² (Ele jura que as condições de sobrevivência são humanas.)
Enquanto o mercado olhava pra longe em busca de amplos terrenos, a Vitacon se voltou para áreas centrais, próximas a centros comerciais, universidades e linhas de metrô. Para o negócio ficar de pé, o jeito foi encolher o apê.
Na última década, a área útil média dos lançamentos em São Paulo caiu de 107m² para 69m², segundo dados do Grupo ZAP. O segmento de apartamentos compactos foi o único que se mostrou resiliente durante a crise. Apartamentos de até 30m² já representam 14% dos lançamentos – mais que o dobro de três anos antes.
A Vitacon nasceu incorporando para vender, mas cada vez foca menos em bricks e mais em bytes.