(Estado de S.Paulo) – 15/04/20
Após registrar recorde de vendas de imóveis no começo do ano, a MRV, maior operadora do Minha Casa Minha Vida (MCMV), viu o ritmo dos negócios sofrer uma queda abrupta com a chegada da pandemia do coronavírus e o fechamento de mais de 60% dos estandes em meados de março. Agora, a intenção é minimizar as perdas e, se necessário, oferecer descontos para os consumidores, algo que não estava no radar para um setor aquecido até poucos dias atrás.
“As pessoas estão mais apreensivas para fechar negócio. Então vão ter descontos maiores. Estamos sendo comercialmente mais agressivos para não perder vendas”, contou ao Broadcast o copresidente da MRV, Eduardo Fischer. “A procura por imóveis continua forte, mas a conversão está mais difícil, o que é natural neste período”, completou.
A MRV teve recorde de vendas nos primeiros três meses deste ano, chegando a R$ R$ 1,673 bilhão, sustentada pelo forte volume de lançamentos de novos projetos antes da pandemia do coronavírus. “O primeiro trimestre foi forte logo na largada, com janeiro e fevereiro muito bons”, avaliou Fischer.
Diante das dificuldades, a companhia acelerou a adoção da plataforma de venda de imóveis pela internet, que dispensa a necessidade de encontros presenciais. Um projeto piloto havia sido colocado em prática em Belo Horizonte na virada do ano, mas, com o surto da Covid-19, a plataforma foi ampliada para todas as 160 cidades onde a construtora atua. “Com a chegada do corona, decidimos rodar de uma forma mais ampla”, contou.
Assim, o processo de venda já foi totalmente digitalizado, desde a procura dos apartamentos pelos clientes, até a análise de crédito e assinatura dos contratos. Segundo Fischer, cerca de 1 mil dos 11 mil apartamentos vendidos no primeiro trimestre passaram pela plataforma digital. “Essa plataforma tem total potencial de crescimento. As pessoas estão mudando de hábito e se digitalizando. Acredito que muitos legados positivos virão da crise”.
Fischer disse ainda ver uma tendência de que a companhia volte a gerar caixa nos próximos meses, com a normalização dos repasse de clientes para o financiamento bancário – momento em que recebe a maior parte do pagamento pela unidade comercializada na planta. Desde que foram resolvidos os gargalos para liberação de recursos do Minha Casa Minha Vida (MCMV), em março, a os repasses estão normais, contou.
A MRV não abdicou totalmente dos lançamentos por causa da pandemia, mas ponderou que os novos projetos estão sendo iniciados com cautela redobrada. “Continuamos lançando, mas de um modo mais cirúrgico, apenas onde enxergo demanda clara”.
Ele acrescentou que já não é possível ter clareza sobre a meta de expansão do volume de projetos, que vinha acontecendo ano a ano. “Ficou difícil falar se os lançamentos em 2020 serão maiores ou menores que em 2019, porque isso depende da magnitude da crise”. Outro problema é a dificuldade de obtenção de licenças porque muitas prefeituras estão fechadas.