(O Globo) – 25/08/20
A CFL, incorporadora com foco nos segmentos de média alta e alta renda de Porto Alegre e Florianópolis, tentará levantar R$ 900 milhões em um IPO (sigla em inglês para oferta inicial de ações) na Bolsa em outubro, apurou a coluna.
A companhia deu o pontapé inicial no processo ontem à noite, publicando prospecto preliminar da oferta na CVM. A CFL contratou para coordenar a oferta o Itaú BBA, como líder, o BTG Pactual, o Santander e a XP Investimentos.
Um dos empreendimentos recentes mais relevantes da CFL é o Square Corporate, complexo comercial localizado na chamada rota da inovação de Florianópolis, que concentra a pujante cena start-up local.
Estimado em R$ 250 milhões, o projeto teve investimento do RGK Investimentos Imobiliários, fundo dos irmãos Rafael e Guga Kuerten, o Guga. O ex-tenista teria investido na compra do terreno, posteriormente permutado à incorporadora.
O empreendimento, com mais de 100 mil metros quadrados de área construída, se transformou em fundo imobiliário listado na Bolsa, do qual a RGK é cotista.
Trunfo geográfico
A empresa tem apenas três sócios relevantes. Luciano Bocorny Corrêa, que fundou a empresa com o pai em 1993 e é o CEO, tem 70,6% do negócio. Um membro da família Gerdau, Richard Chagar Gerdau Johannpeter, tem 9,8% da companhia. Marcelo Schiavon tem fatia de 12,2%.
Além de Porto Alegre e Floripa, a construtora atua também em Caxias do Sul (RS). A oferta de ações será 100% primária, e os recursos serão usados para aquisição de terrenos nas cidades em que já atua, sobretudo em Florianópolis, e para expandir o negócio rumo a Curitiba.
Com cerca de 20 construtoras tentando IPO este ano na B3, a concorrência será pesada para atrair o capital dos investidores. A CFL pretende jogar o trunfo geográfico: de todas as empresas do setor listadas ou buscando ofertas, apenas Cyrela e Even atuam no Sul, sendo que nenhuma delas tem operação relevante em Florianópolis.
A construtora vai argumentar que esse diferencial proporciona margens mais gordas que as das rivais.
A precificação das ações deve ocorrer na terceira semana de outubro.