Capitalismo decadente: O prédio de R$ 17 bilhões que está se desfazendo em Manhattan


(Hypeness) – 11/04/21

Os 85 andares do edifício 432 Park Avenue foram erguidos no coração de Manhattan, em Nova York, para formarem um dos mais luxuosos e maiores prédios residenciais do planeta, mas acabaram formando um verdadeiro pardieiro. Localizado em uma das partes mais ricas da ilha, de frente para o Central Park e na esquina da rua 57, o projeto do arquiteto uruguaio Rafael Viñoly tem mais de 425 metros de altura e custou cerca de US$ 3 bilhões e se revelou um pesadelo para os moradores.

O 432 da Park Avenue visto de um dos prédios do Rockefeller Center © Wikimedia Commons

Quando construído, o projeto do edifício foi visto como sinônimo de luxo e exclusividade, e apresentou-se como solução também para o problema da falta de espaço na cidade – se não é possível crescer para os lados, que se cresça para cima, e a base do 432 Park Avenue se localiza em um terreno com somente 18,1 metros de testada. Acontece que a realidade se revelou bem diferente do que o projeto prometeu, e o luxo mostrou-se lixo entre alguns dos mais caros apartamentos do mundo.

Para morar no 432 Park Avenue é preciso desembolsar entre US$ 10 milhões (cerca de R$ 54 milhões) e US$ 100 milhões (cerca de R$ 540 milhões), mas uma série de graves problemas estruturais vem fazendo com que os proprietários não só coloquem seus apartamentos à venda no edifício, como até mesmo processem a construtora. A começar pelo encanamento, dilema típico de prédios tão altos: falta de água e, ao mesmo tempo, vazamentos e inundações são frequentes, com enxurradas tomando até mesmo o vão dos elevadores – que são outro imenso problema da construção, segundo moradores relataram à reportagem do New York Times que primeiro apontou o bilionário engodo que o edifício se revelou.

A intensidade do vento já parou os elevadores e manteve uma pessoa “presa” por quase uma hora e meia em um alto andar – e, segundo consta, em um prédio tão alto os incidentes por conta do vento são frequentes. Como também são rangidos e barulhos estranhos, ressoando nos apartamentos – em uma parte do prédio, uma rampa para se lançar o lixo faz com que a queda dos sacos soe, segundo a reportagem, “como uma bomba”, e esses foram alguns dos problemas que fizeram com que moradores célebres que compraram apartamentos quando da inauguração do 432 Park Avenue hoje já tenham vendido seus imóveis.

Foi o caso de Jennifer Lopez e seu marido, o jogador de beisebol Alex Rodriguez, que pagaram mais de US$ 15 milhões (cerca de R$ 85 milhões) em um apartamento de 1,2 mil metros quadrados, vendido um ano depois. Pois os problemas não param – ou começam – por aí: pessoas que pagaram mais de U$ 17 milhões em uma casa no endereço receberam um apartamento ainda em obras, e a promessa de um restaurante particular dirigido por um chef com estrela no Guia Michelin, que inicialmente custaria “somente” US$ 1.200,00 por ano a cada morador, se tornou em uma cobrança de US$ 15 mil anuais – e sem café da manhã incluído.

Enquanto o mundo agoniza com uma pandemia massacrante e tantos outros dilemas provocados ou agravados pela desigualdade, o 432 Park Avenue atualiza, portanto, o conceito de “problemas de rico”. Segundo uma empresária aposentada do ramo de petróleo, o local ainda é vendido e cobrado feito fosse o paraíso na Terra, mas está mais para um inferno em Manhattan –uma espelunca de luxo, uma bagunça milionária onde, como se não bastasse, o clima anda cada vez mais tenso e pior: “Aqui todo mundo se odeia”, afirmou a empresária, em uma plena metáfora do desigual mundo atual.

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