(Valor Econômico) – 30/03/16

A PDG Realty apresentou balanço com prejuízo líquido expressivo em 2015, ao mesmo tempo em que teve geração de caixa recorde no ano. A companhia registrou perda de R$ 2,764 bilhões em 2015, valor mais de cinco vezes superior ao prejuízo de R$ 529 milhões de 2014. Já a geração de caixa superou R$ 1 bilhão no ano.

No quarto trimestre, a PDG teve prejuízo de R$ 1,969 bilhão ante a perda de R$ 222 milhões de um ano antes. O resultado e o patrimônio líquido da companhia foram afetados, negativamente, por R$ 1,4 bilhão em provisões e ajustes. Já nos ativos líquidos da companhia, o impacto das provisões e dos ajustes foi de R$ 632 milhões e, no caixa, não houve efeito imediato.
No fim do ano, a PDG tinha R$ 3,6 bilhões em ativos líquidos.

Do total de R$ 1,4 bilhão em provisões e ajustes, R$ 320 milhões são provisões para devedores duvidosos e R$ 312 milhões se referem a baixas contábeis de terrenos e estoque.

A PDG contabilizou R$ 633 milhões em ajustes contábeis nas propriedades para investimento da empresa de shopping REP e outros créditos a receber. Trata-se de baixa de ágio de R$ 351 milhões, baixa em participações acionárias e créditos a receber de R$ 202 milhões, baixa contábil de R$ 33 milhões em créditos de depósitos judiciais e impairment líquido em propriedades para investimento da REP de R$ 47 milhões. A PDG provisionou R$ 137 milhões para contingências judiciais prováveis.

O resultado financeiro também contribuiu para a PDG ter prejuízo. A companhia teve resultado financeiro negativo de R$ 671,5 milhões em 2015, 38% acima da despesa financeira líquida de 2014. No trimestre, o resultado financeiro foi uma perda de R$ 199,7 milhões.

No acumulado de 2015, a receita líquida da PDG caiu 57%, para R$ 1,824 bilhão, e a margem bruta ficou negativa em 2,3%. A margem bruta foi impactada pelos descontos e pelos ajustes nas contas a receber. No trimestre, a receita líquida teve queda de 88,3%, para R$ 130 milhões. A margem bruta do trimestre ficou negativa em 166,8%. A PDG informou também margem bruta ajustada negativa em 149,4% no quarto trimestre.

As despesas gerais e administrativas da PDG caíram 29% em 2015, para R$ 258,7 milhões. No quarto trimestre, o indicador teve queda de 33%, para R$ 59,7 milhões. No ano, o total de funcionários foi reduzido em 60% e, no quadro administrativo, o corte foi de 39%.

De outubro a dezembro, a companhia obteve seu sexto trimestre consecutivo de geração de caixa. A geração de R$ 404 milhões no trimestre contribuiu o recorde de mais de R$ 1 bilhão no ano. A venda de participação da PDG no Jardim das Perdizes respondeu por R$ 160 milhões do caixa gerado no quarto trimestre. A geração de caixa do ano resultou também das campanhas de venda de imóveis com descontos e de R$ 350 milhões em monetização de ativos – terrenos e projetos.

A geração de caixa permitiu que a PDG reduzisse sua alavancagem total em R$ 2,5 bilhões em 2015, sendo de R$ 551 milhões a diminuição no trimestre.

Há expectativa que o foco da companhia esteja, novamente, na geração de caixa e redução do endividamento neste ano. A PDG tem, em curso, reestruturação de seu endividamento com credores. A dívida bruta da PDG era de R$ 6,155 bilhões no fim de 2015.

Em janeiro, a companhia anunciou memorando de entendimentos com o Banco Votorantim e a BVEP, para venda de ativos, no total de R$ 1,6 bilhão, o que possibilitará, se concretizado, queda expressiva da dívida e do custo a incorrer, além de entrada de recursos no caixa. A operação ainda não foi concluída e, conforme fonte, é provável que ocorra em patamar menor do que previsto inicialmente. O negócio é uma das razões para a alta das ações da PDG no ano.

No ano passado, os lançamentos da companhia caíram 98,3%, para R$ 23 milhões. Não houve lançamentos no quarto trimestre. A PDG informou que não há previsão de apresentar novos projetos ao mercado no médio prazo. As vendas líquidas encolheram 71,1% em 2015, para R$ 552 milhões. A incorporadora teve distratos de R$ 1,9 bilhão no ano e de R$ 487 milhões no trimestre.