Rossi fecha rolagem de R$ 1,08 bilhão da dívida de curto prazo


(Valor Econômico) – 30/03/16

A Rossi Residencial negociou sua dívida com vencimento de curto prazo. A reestruturação abrange pouco mais de 90% da dívida corporativa da companhia. Ontem, o conselho de administração da Rossi aprovou a renegociação com o Bradesco e o Banco do Brasil – os principais credores -, com quem os vencimentos somavam R$ 820 milhões e R$ 228 milhões, respectivamente. Do R$ 1,183 bilhão de dívida corporativa da Rossi, R$ 1,083 bilhão foi reestruturado, incluindo R$ 35 milhões com o BTG Pactual. Os demais R$ 100 milhões referem-se a vencimentos em dezembro de 2017 com a Caixa Econômica Federal.

A renegociação foi encabeçada pela RK Partners e conduzida também pela Maxcap Real Estate Investment Advisors durante sete meses. A continuidade do negócio da incorporadora foi uma das condições para a reestruturação.

A Rossi ofereceu, em garantia, terrenos, unidades, recebíveis de unidades prontas e Sociedades de Propósito Especifico (SPEs) controladas, além de se comprometer a reduzir seu tamanho e a diminuir custos fixos para consumir menos capital de giro. Desde agosto, o número de filiais caiu de onze para quatro e o número de funcionários caiu de 900 para 430. A companhia também tem gerado caixa.

O prazo médio das dívidas com o Bradesco e com o Banco do Brasil foi ampliado de dez para 39 meses e o custo com juros foi reduzido. A Rossi não informa quanto foi possível abater de juros, mas o Valor apurou que a diferença fica entre 20% e 25%.

Com o Bradesco, o novo prazo para os vencimentos passou a ser de 72 meses, com carência de principal e juros nos primeiros 12 meses. O prazo médio para pagamento das dívidas com o Banco do Brasil é de 48 meses, e a carência, de 18 meses. “Isso tira a pressão sobre a empresa e permite que a Rossi opere normalmente”, diz o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Fernando Miziara de Mattos Cunha.

Segundo o presidente do conselho de administração da Rossi, José Paim de Andrade Jr, os novos prazos possibilitam que a companhia possa comercializar ativos “de forma bem vendida” para honrar os vencimentos em prazos compatíveis com seu balanço. “Este é um divisor de águas muito importante para a companhia. O valor de mercado da Rossi está em torno de 6% ou 7% do seu patrimônio”, afirma o presidente do conselho.

Antes da reestruturação da dívida, o total de vencimentos corporativos somava R$ 545,7 milhões neste ano, conforme o balanço da Rossi do terceiro trimestre de 2015. A companhia encerrou os nove meses do ano passado com dívida bruta de R$ 1,847 bilhão, incluindo financiamento de projetos.

Com o BTG, a Rossi alongou o pagamento de R$ 35 milhões previsto inicialmente para dezembro de 2015, para um fluxo mensal ao longo deste ano, a ser concluído em dezembro.

O mais provável é que a Rossi não faça lançamentos neste ano, de acordo com o presidente do conselho, pois o nível de estoques ainda está muito elevado. A companhia não apresentou nenhum novo projeto ao mercado em 2015. “Não temos preocupação com o tamanho da empresa, que precisa ser função das condições de mercado. Só vamos fazer lançamentos quando o retorno for compatível com os riscos do setor e da economia”, diz o presidente do conselho.

Conforme Paim, o atual cenário de incertezas políticas e econômicas, que afetam o crédito e o emprego, não oferece condições para retornos compatíveis a esse nível de risco, e a preocupação, no momento, é preservar o patrimônio e ter liquidez. “Não podemos produzir mais prejuízos no futuro”, diz o presidente do conselho de administração. Há riscos adicionais, segundo ele, como incertezas jurídicas referentes aos distratos.

O diretor de relações com investidores acrescenta que o ano será desafiador e que não espera que o equilíbrio entre oferta e demanda de imóveis ocorra em 2016. Futuramente, quando as condições de mercado melhorarem, a Rossi pretende “surfar no novo ciclo”, segundo Paim, mas sem a intenção de ser uma empresa nacional.

A monetização de ativos segue como uma das prioridades da companhia. No ano passado, a Rossi vendeu R$ 100 milhões em áreas de seu banco de terrenos, número que deve se repetir em 2016. A venda de parte da loteadora EntreVerdes continua no radar, o que pode incluir ou não a Rossi abrir mão do controle da empresa. “Nossa preferência é não vender o controle. Só vamos vender a EntreVerdes por um preço adequado”, diz Paim. O ritmo de negociação da loteadora foi reduzido até a reestruturação das dívidas.

De acordo com o presidente do conselho da Rossi, novo aumento de capital não faz sentido para a companhia neste momento. “O ambiente de escassez de capital ajuda a termos um plano de reestruturação mais agressivo”, diz. Segundo ele, a Rossi nunca vendeu estoque de imóveis no atacado e não pretende adotar a medida.

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