(CBIC) – 22/11/21
O aumento nos insumos dos materiais de construção impactou, novamente, os números do mercado imobiliário no país, no 3º trimestre deste ano. Motivadas por essa elevação – e sem a contrapartida do poder de compra das famílias -, as vendas de imóveis novos registraram queda de 9,5% este trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Os lançamentos, contudo, subiram 13,6%.
Os números fazem parte do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do 3º trimestre de 2021, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Nacional), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. O trabalho foi divulgado em coletiva de imprensa online nesta segunda-feira (22), com os dados coletados e analisados de 162 municípios, sendo 20 capitais, de Norte a Sul do país. Algumas cidades foram avaliadas individualmente ou dentro das respectivas regiões metropolitanas.
Em comparação com o trimestre anterior, as vendas caíram 11,2% e os lançamentos cresceram 7%. Já no acumulado de janeiro a setembro deste ano, as vendas aumentaram 22,5%, em relação à 2020. Para o presidente da CBIC, José Carlos Martins, os números mostram que o mercado imobiliário vem se adequando à economia. De acordo com o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o custo com materiais e equipamentos registrou alta de 27,45% nos últimos 12 meses encerrados em outubro.
“Os números reforçam o que foi dito desde o ano passado, que o mercado só tende a crescer. Porém os motivos para a redução das vendas se devem a três grandes fatores: inflação, cenário político do Brasil e o aspecto do emprego. E esses três itens têm a ver com insegurança futura”, destacou Martins, que também reforçou a preocupação com o mercado de trabalho em função da queda nas vendas. “O emprego de hoje é a venda de ontem e a venda de hoje é o emprego de amanhã. É assim que o setor gera emprego, então se as vendas diminuíram 11% temos que ligar um sinal de atenção em relação a esse ponto”, apontou.
No entanto, de acordo com o levantamento, a inflexão mais acentuada foi registrada no programa Casa Verde e Amarela, que sofreu queda durante o 3º trimestre, tanto nas vendas quanto nos lançamentos. Em relação ao trimestre anterior, as vendas caíram 15,3% e os lançamentos, 10,7%. Martins explicou que a queda se deu, principalmente, por dois fatores. “Primeiro, pela dúvida dos incorporadores de lançar novos empreendimentos quando ainda não havia o ajuste na curva de subsídios pelo governo federal para o programa. E pelo aumento da inflação, que diminuiu o poder de compra do público-alvo do programa de habitação de interesse social”, ressaltou.
De acordo com o vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, a resposta do governo federal para adequação do programa habitacional, com calibragem da curva de descontos e o aumento dos limites máximos de preço, deverá surtir efeito a partir do quarto trimestre de 2021. “Apesar dos números referentes à queda na intenção de compra, isso ainda não compromete a necessidade pela aquisição da casa própria”, destacou.